- Comer
Gastronomia
Ponta Delgada, pela Graça de Deus, vila em 1499 por alvará de D. Manuel I, e cidade por alvará de D. João III em 2 de abril de 1546, oferece-nos culturalmente, desde os tempos do povoamento, nos séculos XV e XVI, testemunhos e alguns exemplos da alimentação dos locais de origem dos povoadores que, no arquipélago, ganharam características específicas provenientes da adaptação aos produtos disponíveis, e aos cruzamentos do que nos chegava de outros países da Europa, sobretudo as especiarias.
Ponta Delgada expressa uma faceta da sua identidade cultural na gastronomia, oferecendo de “Costa a Costa” — parafraseando a epopeia do famoso ponta-delgadense Roberto Ivens — um acervo de receitas tradicionais da cozinha açoriana.
Apesar de oferecer, desde sempre e com proeminência, equipamentos de comidas e bebidas que se tornaram ícones no mapa da oferta actual, a gastronomia do concelho de Ponta Delgada expressava-se, como em todas as ilhas, com exuberância nas casas senhoriais e nas quadras festivas de carácter religioso. Hoje, a abertura ao turismo e a globalização têm ditado uma postura gastronómica de qualidade e um acervo de modernos equipamentos de restauração.
Gastronomicamente falando, com base nas suas raízes de cinco séculos de história e povoamento, encontramos os saberes e as tradições que enformam hoje a oferta gastronómica da maior e mais populosa ilha do arquipélago encantado do Atlântico Norte.
Saborear uma divinal caldeirada de peixe fresco, um marisco selvagem do mar açoriano ou um suculento bife regional tem em Ponta Delgada uma pequena diferenciação, com paragem obrigatória na qualidade e na identidade da alma açoriana, paraíso a que nos abandonamos.
Nos doces e sobremesas é grande a variedade, dos conventuais a apontamentos de cruzamento, como os pudins de chá verde e de feijão, que nos deixam de mãos postas ao céu; ou as massas, já que de massa amassada se faz pão, mas também se faz Massa Sovada e Bolo Lêvedo, dois apontamentos doces tão característicos das festividades religiosas.
Dos queijos, destaque para o S. Miguel “Velho”, de pasta semidura e cura esmerada de 9 meses, um “gourmet” de fino trato que acompanha as geleias e doces “Quintal dos Açores”, um verdadeiro hino ao Criador, acompanhado pelo chá dos Açores.
O ananás doce e sumarento, a banana, o maracujá, a goiaba ou o perfumado araçá, de sabor intenso, e aromático, são términos feitos de perfeição.
O resto, as bebidas, sejam espirituosas, licorosas, ou mesmo as águas, deixamos que descubram, para um “casamento” perfeito entre gastronomia e vinho, ou vinho e gastronomia…
António Cavaco
Confrade Mor
Gastrónomos dos Açores